Há 100 anos, em Weimar, na Alemanha, era fundada o que viria a ser uma das mais importantes escolas de design e arquitetura do mundo. A Bauhaus surgiu para descomplicar o conceito de beleza e romper com tudo aquilo que os movimentos artísticos da época pregavam.
Vivendo o pós-guerra, a Europa passava por um momento de escassez e austeridade, o que não combinava em nada com exagero do estilo art déco. Cenário perfeito para uma ruptura, a Bauhaus então surgiu e ganhou admiradores quando passou a classificar esse exagero como desperdício, sinalizando uma certa necessidade de funcionalidade na arte.
A escola durou apenas 14 anos, mas as suas ideias modernistas reverberaram pelo mundo e podem ser vistas até hoje em nosso cotidiano. A arte simplista e cheia de funcionalidade está nos traços de Mondrian, nas formas de Klee, nos móveis de Wassily e em uma infinidade de objetos.
O paralelo entre o momento de pós-guerra vivido na Europa e o mercado publicitário brasileiro é evidente. Escassez e austeridade aqui também são palavras de ordem. E, sendo assim, é natural que a gente retome o entendimento de que o desperdício e a ostentação não fazem sentido. O problema está na contrapartida.
A expressão “É a crise!” virou desculpa para pisar apenas em terrenos seguros. A consequência é um nível de criatividade muito raso. E, esse parece ser o ponto que faltou o mercado aprender. Bauhaus virou uma chave apostando na simplicidade, sem abrir mão da inovação.
Por aqui, o medo trava o marketing das empresas. As agências sofrem com alterações e refações infinitas como se a décima alteração em um banner Google tivesse efeito prático. Os clientes são bombardeados com um volume de informação como se uma newsletter por dia fosse convencer alguém a consumir mais. Os criativos veem seu ofício perder o sentido como um post com 3 likes.
Desculpe a referência infantil, mas Mufasa, um dos poucos leões que fazem sentido, diria “Olhe Simba. Todo esse vale de layouts sem funcionalidade é nosso reino!”. Uma pena. Dias de treva que não combinam em nada com a comemoração dos 100 anos da Bauhaus.
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Barra da Tijuca.
Pedro Portugal
Diretor de Criação
Pedro Portugal é Diretor de Criação da Wide e Presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro. Tem MBA em Marketing Empresarial e pós-graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual. E leciona a disciplina de Redação Publicitária na Facha e na UNISUAM.